terça-feira, 12 de março de 2013

Funk é Cultura Sim!



Muitas vezes, quando uma pessoa pergunta para outra se ela gosta de funk, escuta-se a seguinte resposta: “claro que não, eu tenho cultura”. É sobre o funk como cultura que vou escrever hoje, tentando mostrar, primeiramente, o que é cultura do meu ponto de vista, onde o funk se encaixa nessa cultura, e qual a sua repercussão na sociedade.

Quem nunca? 

Cultura, do meu ponto de vista, é tudo aquilo que o homem transforma a partir da natureza, tudo que ele cria a partir da mesma para seu convívio e a maneira como ele o faz. Ou seja, Cultura é tudo o que é humano, tudo que é produzido pelo homem, seja um prédio, uma folha de papel, um idioma, uma comida típica, etc. Costuma-se confundir cultura com Tradição, pois as tradições tendem a caracterizar um povo, sendo parte integrante da sua cultura. Pode-se dizer que toda tradição é uma cultura, mas que, definitivamente, cultura não é apenas tradição, pois se em determinado momento de uma sociedade surja alguma manifestação nova, como por exemplo, o rock’n roll na década de 50, essa manifestação no momento de seu nascimento não é tradição, mas é cultura, pois é manifestação da sociedade em que foi concebida, tendo sido produzida pelo homem, sendo então cultural, podendo posteriormente virar tradição se perdurar por longo tempo através das gerações como algo característico de um povo, grupo, tribo, etc.
Dentro dessa concepção de cultura, o funk encontra-se cabível, pois é produzido pelo homem, criado por ele em determinado contexto histórico como fruto de seu tempo, refletindo aspectos da sociedade em que ele nasceu assim como o rock’n roll citado no parágrafo anterior. Agora, quando dizemos que Funk não é cultura em comparação com outros gêneros musicais, acabamos hierarquizando culturas, o que é errôneo do meu ponto de vista.
Se toda a natureza que o homem transforma pode ser considerada como cultura, não há como definir qual é a melhor ou qual a pior, pois o homem, ao longo da história, transformou a natureza de acordo com suas necessidades de diferentes maneiras. Por exemplo, meu professor de medieval sempre diz que para muitos estudiosos a roda é sinal de desenvolvimento em determinadas sociedades se comparadas com outras, o que nem sempre pode ser verdade. Ora, que utilidade poderia ter a roda numa civilização que vivesse nas montanhas, como as andinas? Isso quer dizer que elas eram menos desenvolvidas? Ou ainda, a falta de trabalho com metais de nossos índios é um sinal de uma sociedade subdesenvolvida, ou sinal de uma sociedade que acabou não necessitando manipulá-lo para garantir sua subsistência? Pensando dessa maneira, acaba-se concluindo, de maneira equivocada, que as sociedades possuem estágios de desenvolvimento pré-determinados, sendo que algumas alcançaram estágios culturais mais elevados do que outras em períodos diferentes de tempo, onde, quando comparadas, algumas se encontram em estados menos desenvolvidos de cultura do que outras em níveis mais elevados. Tal perspectiva acabou justificando, muitas vezes, a exploração ao longo da história das que eram consideradas inferiores pelas que se diziam mais desenvolvidas.
Voltando agora para a questão musical com a noção de que qualquer forma de hierarquizar culturas acaba sendo errônea, afirmo que o funk é tão cultura quando o rock, o reggae, a música clássica, o rap, o samba e todos os outros gêneros musicais. A qualidade da musica é subjetiva, porque depende da opinião das pessoas, que podem gostar mais de funk do que rock ou vice-versa, por exemplo. De modo geral, não há melhor ou pior, a não ser dentro da concepção e dos critérios que cada um usa para avaliar o que é melhor ou pior.
Referente às influências que o funk pode causar na sociedade, vemos argumentos afirmando que é uma música que influencia a má conduta, a imoralidade, o crime, a ostentação de coisas materiais e todo tipo de malefícios. Isso é relativo, pois nem sempre a pessoa vive o que escuta, e nem sempre o artista canta o que vive. Tudo depende de como o receptor da musica vai levar o que está ouvindo, se vai levar a sério ou não. Às vezes pode ser que a pessoa escute só pela batida para dançar numa festa, ou por que gosta da melodia, das rimas, acha engraçado ou goste da letra. Enfim, se eu considerasse que determinadas letras podem levar as pessoas a cometer atos errados eu teria de parar de ouvir a banda de countrycore Matanza, ou me tornarei um misantropo, bêbado, briguento, infiel, psicopata e viciado em jogos de azar. O ideal então seria produzir musicas que só defendessem a moral e os bons costumes da família para que vivêssemos em uma sociedade harmoniosa e feliz? Uma sociedade assim só no paraíso, se é que ele existe. Temos de levar em consideração de que a sociedade é dinâmica, está em constante mudança, não é estática, de valores imutáveis. Por exemplo, o rock era considerado uma má influência para os jovens nos seus primórdios, hoje, para muitos, é sinal de bom gosto musical. No Brasil, para muitas igrejas, o rock gospel era considerado como mundano e deturpador dos valores religiosos, atualmente, é considerado como uma ferramenta de evangelização, sendo que há bandas que fazem um som mais pesado do que muitas bandas não cristãs. Pode ser que, futuramente, o funk não seja visto com tanto desdém como muitas pessoas o enxergam atualmente, como uma má influência para a sociedade. Reafirmo ainda que o funk é fruto dessa mesma sociedade, é uma representação de características desta, sendo que há uma demanda por esse tipo de música, pessoas se identificando com ela, ou seja, que antes de ser uma influência para a sociedade o funk é fruto da mesma, e que enquanto existir pessoas querendo escutar esse tipo de música ela continuará sendo produzida.
Concluo o texto com a frase do título: Funk é Cultura sim, pois é produzido pelo homem, resultado de seu tempo, característica de uma sociedade e representante de uma parte das pessoas que a compõem. E não, eu particularmente não gosto de funk. Obrigado, até a próxima e ESPEREM PELO PIOR.
Obs: Quando uso o termo funk, refiro-me propriamente ao funk carioca e seus derivados.

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Documentário interessante sobre o Funk Ostentação:

Um funk que eu acho que tem a letra boa:

Matanza, citado no texto:


Quando me refiro a Rock Gospel pesado:



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Religião e fé se discutem?


Creio que todo assunto pode ser discuto. Afinal, o homem não é um animal político, que dialoga e tem raciocínio para trabalhar, resolver problemas e se questionar? A religião, desta maneira, não fica imune a discussão.
O brasileiro tem o hábito de falar dos mais diversos assuntos: futebol, telenovelas, política, violência, reality shows, música, etc. Quinta feira sabe-se que grande parte dos brasileiros já estão com os argumentos na ponta da língua para comentarem o jogo de quarta-feira, porém, quando o assunto é religião sempre há um pé atrás.
As religiões, em sua maioria, dão um propósito para a vida, uma razão de ser para o homem e para o universo, coisa que não encontramos nas ciências naturais, onde o homem e o universo não tem um propósito em si, mas são frutos de processos naturais sem planejamento nem ordem alguma. Enfim, como foi dito, a religião da uma razão para a existência: o homem foi criado para glorificar/adorar a Deus; o homem foi criado para ser eterno transcendentalmente; o homem foi criado com o intuito de evoluir espiritualmente; etc. Onde quero chegar com tudo isso? Ora, se discutimos assuntos cotidianos, como os citados acima, por que não discutir religião que trata do propósito da vida? Por que esse receio?
Acredito que não toca-se neste assunto porque existe um certo medo de mudar de opinião, como se isso fosse errado, como se isso não fosse a vontade do deus que a pessoa segue, e que se o fizer terá cometido uma heresia e estará sujeito a punição divina. Há uma barreira que os dogmas criam, e quebrá-la seria abrir mão de “verdades” e doutrinas que são agradáveis e convenientes para essas pessoas.
Cada religião apresenta-se como portadora da verdade, provedora do conhecimento necessário para salvação e bem estar espiritual do homem, e claro que, com isso, uma religião anula a outra. Por exemplo: um cristão acredita que o muçulmano, o hindu e o budista vão para o inferno se não crerem que Cristo morreu pelos seus pecados e ressuscitou ao terceiro dia e que a Bíblia é a única e inefável palavra de Deus. Ou seja, se não crerem não serão salvos, nem obterão êxito na sua vida espiritual. Possivelmente, os outros três citados acreditam que algo semelhante ocorrerá ao cristão se ele não se converter ao budismo, ao islamismo ou o hinduísmo. Nota-se neste exemplo que a religião de um é certa e a dos outros é errada, ou vice-versa, e em ambas as partes haverá uma resistência para mudar suas crenças. Mas perdura a dúvida: Por que não discutir?
Ora, por mais racional que uma religião tente ser, há um momento, em todas elas, que é necessário crer no impossível, no intangível, no que parece inconcebível na realidade que conhecemos. Alguns exemplos disso que acredito existir na Bíblia são: Jonas e o peixe; Balaão e a mula falante; Jacó e o anjo; Arca de Noé, entre outros. Viajem astrais, revelações, arrebatamentos, dimensões paralelas também estão presentes nas demais religiões. Estes exemplos são coisas que parecem improváveis na nossa realidade, eu diria sem cabimento, mas que as pessoas acreditam que realmente sejam possíveis e que ocorreram. Sendo assim, se cada religião depende dessa fé no impossível, por que não discutir a razão que levou a crer em tal coisa e não em outra e os motivos que levaram a uma ou a outra conclusão já que ambas dependem dessa fé no intangível, no improvável?
Enfatizo ainda que deve-se discutir ainda mais as religiões que são baseadas em livros e ideias semelhantes, como o protestantismo, o catolicismo e o espiritismo que aceitam integralmente ( protestante e católica) ou parcialmente( espiritismo) as Sagradas Escrituras. Por que há divergências nas doutrinas? Por que há trechos que são ou não aceitos? O que há de semelhante entre elas?
Deve-se gerar dúvidas, instigações em busca de respostas,e já que cada religião apresenta sua resposta para o propósito do homem e do universo, cada uma delas deve responder a essas dúvidas. Como se pode tentar responder? Discutindo.

Imagem retirada de:http://www.guiame.com.br/noticias/ponto-de-vista/carlos-vailatti/futebol-politica-e-religiao.html

Por hora é isso, até mais e ESPEREM PELO PIOR!
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Aqui tem um vídeo do Clarion muito interessante sobre o assunto:


Aqui uma palestra de Rick Warren, pastor e autor do livro "Uma vida com propósitos", onde ele defende que deve-se procurar o sentido da vida naquele que a criou: Deus. O livro é bem interessante também.


E esse é pra cota de humor do blog:


domingo, 13 de maio de 2012

Convencer sem ter a razão


Nota: Escrevi este texto para um trabalho do Senai, mas achei a proposta interessante e resolvi postar no Blog já que não coloco nada devido a falta de tempo para produzir os textos. O tema da redação é : Na maioria das vezes não importa o que você diz, mas sim como diz.


Convencer sem ter a razão


O cuidado com a comunicação é essencial, pois as pessoas possuem diversas interpretações para o que é dito, escrito, desenhado, pintado, etc... Mas, sabe-se que a fala é o meio de comunicação mais usado entre os seres humanos, e possui um alto poder de persuasão se estiver equipada com uma boa argumentação e oratória. Ao analisarmos a história veremos que líderes de grandes massas possuíam este poder.
Hitler conseguiu convencer a Alemanha de que existia uma superioridade ariana (mesmo não havendo) e reforçou esta ideia através da propaganda na mídia, criando na mentalidade alemã esse sentimento de superioridade; mesmo sendo considerado um dos estadistas mais malignos da história não se nega que era um bom discursista.
Essa mesma persuasão esta presente nos ministros religiosos. Ressaltemos aqui o discurso de Jonathan Edwards (pregador norte-americano do século XVIII) no sermão “Pecadores nas mãos de um Deus irado”, em que a pregação era tão incisiva que as pessoas presentes se agarravam nas colunas da igreja crendo que o chão se abriria para o inferno! Interessante que Jonathan não era bom orador, mas como o tema da redação afirma : “Na maioria das vezes não importa o que você diz, mas sim como diz”. Luther King, Lenin, Mandela, Gandhi, Vargas, entre muitos outros que poderiam ser citados sabiam como passar uma mensagem, indepedente do conteúdo ser considerado bom ou ruim.

Jonathan Edwards

Qual o objetivo deste texto ao apresentar esses personagens históricos e suas habilidades de comunicação? Ora, como foi dito no início, o cuidado com a comunicação é essencial, e esses personagens, independente da boa ou má índole de suas ideias, conseguiram convencer um grande número de pessoas através da maneira como se expuseram.Como ouvintes temos de tomar cuidado para não darmos mais crédito à maneira como uma ideia é apresentada mais do que a ideia em si, pois ela pode ser boa ou má, falsa ou verdadeira independente da maneira como é exposta; pode ser que escutemos discursos carregados de emoção e segurança, mas se não filtrarmos os argumentos e analisá-los seremos ouvintes passivos.
Como comunicadores, também devemos tomar o cuidado de não agir com desonestidade intelectual; é sempre bom aperfeiçoar a maneira de se apresentar uma ideia, seja através da oratória ou escrita, mas é necessário que essa ideia tenha o mesmo peso da oratória ou da escrita para convencimento dos receptores que agem com senso crítico, porque aqueles que não agem acabam dando mais valor ao “como” se diz do que “o que” se diz.

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Sermão "Pecadores nas mãos de um Deus irado":


Vídeo feito para o Dia do Orador:


imagem : http://1.bp.blogspot.com/-JANDvHSNQ6k/TZxqTmpcxXI/AAAAAAAAAGk/2znHx6Cx-0c/s400/jonathan-edwards%2Bescrevendo.jpg


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Indicação de banda : Lynyrd Skynyrd


Como prometi, algumas postagens trariam indicações de bandas, e aqui estou para falar de uma que já é um pouco conhecida no Brasil(pelo menos eu acho, pois eles vieram no SWU) pelos fãs do bom e velho rock n' roll. Essa banda se chama Lynyrd Skynyrd(tente fazer a pronuncia correta e ganhe um chocolade!) e a conheci jogando Guitar Hero World Tour (pois é) com a musica Sweet Home Alabama, que segundo meus amigos é um hit que pode deixar qualquer um alegre. Eu fui pesquisar sobre a banda e acabei virando fã dos arranjos e das composições e vim compartilhar um pouco da minha admiração por este grupo.

Antes de "Lynyrd Skynyrd" a banda teve vários outros nomes, mas em um show, Ronnie(vocalista e compositor) disse o seguinte : "Nós somos (a banda) One Percent, mas vamos mudar nosso nome esta noite. Todos que quiserem que mudemos para Leonard Skinner, aplaudam!"

Leonard Skinner era o instrutor de ginástica de alguns dos menbros da banda no colégio que vivia dando suspenções a eles devido aos cabelos longos, como a plateia conhecia o professor aprovou o nome imediatamente. Eles trocaram as vogais por Y para preservar a identidade do professor que depois de um tempo virou amigo da banda, Leonard morreu em 2010.

Alguns hits famosos da banda:

Sweet Home Alabama:


Free Bird:

Simple Man:


Acidente

Em 1977 a banda estava em um ótimo momento na carreira, e partiram no avião batizado de “Free Bird” para um show em Lousiana State University, porém o avião apresentou problemas e começou a perder altitude, abaixo segue o trecho de uma matéria sobre o acidente do site whiplash :

No dia 20 de outubro de 1977, 26 pessoas, incluindo os músicos, roadies e tripulação, partiram em direção ao estado de Lousiana no avião particular da banda, um Convair 240. Apresentando falhas mecânicas (apontando que tenha sido a quantidade insuficiente de combustivel para cobrir a distancia), o avião caiu numa floresta perto de Mississipi.

O vocalista Ronnie Van Zant e o guitarrista Steve Gaines morrem na hora, enquanto Cassie Gaines, sua irmã, com a garganta cortada de ponta a ponta, chora e agoniza até morrer no colo de dois dos músicos sobreviventes - este relato foi divulgado por um dos músicos sobreviventes do desastre, apesar de ter sido desmentido pelos médicos que fizeram a autópsia dos corpos.

Apenas uma semana antes do acidente havia sido lançado o álbum "Street Survivors" que mostrava na capa a banda em meio a fogo. O disco foi recolhido pela gravadora e a capa trocada após o acidente, tornando-se a original uma raridade.”


Alguns hits da banda sempre estão presentes em filmes e séries, como Forrest Gump, 8 mile, Rejeitados pelo diabo, Supernatural, Quase Famosos entre outros.

Forrest Gump:

8 mile:

Rejeitados pelo diabo:

Aqui há uma matéria interessante sobre isso do site skynyrdnationbrasil


Após a morte de alguns membros a banda se reapresentou em 1991 trazendo nos vocais Johny Van Zant, irmão de Ronnie e alguns outros membros antigos, foi com essa formação que vieram para o SWU do ano passado.

Lynyrd Skynyrd é uma banda que eu fico feliz de ter conhecido, e publicar algo sobre ela foi ótimo,pois tive a oportunidade de saber um pouco mais da história desses rapazes. Vou finalizar o post deixando uma das minhas favoritas. Obrigado e ESPERE PELO PIOR.

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LINKS

Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Lynyrd_Skynyrd

Notícia do acidente do site whiplash: http://whiplash.net/materias/curiosidades/064532-lynyrdskynyrd.html

Morte do professor Leonnard: http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2010/09/morre-leonard-skinner-professor-que-deu-nome-ao-lynyrd-skynyrd.html

Sobre as músicas nos filmes: http://www.skynyrdnationbrasil.com.br/2011/03/lynyrd-skynyrd-e-setima-arte.html

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Escola Pública, do ponto de vista de um ex-estudante

A função da escola é educar, e especificamente no ensino médio preparar o aluno para o vestibular, fazendo com que o mesmo possa ingressar numa faculdade, se formar e trabalhar servindo a sociedade, porém não é isso que vemos atualmente na maioria das escolas públicas. Digo isso com base na experiência que eu vivi onde estudei, na Escola Estadual Zalina Rolim.


E.E Dona Zalina Rolim
Devido a Progressão Continuada que está em vigor no estado de São Paulo, muitos alunos vão avançando as séries ano após ano sem ter o conhecimento necessário. Nem mesmo estar com as notas na média pode retê-lo, basta ter um número suficiente de presenças para o mesmo ser aprovado. Porém ao chegar em uma série que é necessário tirar notas mínimas para ser aprovado o aluno fica estagnado na mesma série por um, dois ou até três anos. No Zalina eu lembro que as salas do ensino fundamental eram dividas da seguinte maneira: 5ª A e 5ªB, 6ªA e 6ªB, 7ªA e 7ªB, porém na 8ª série as salas iam da letra A até a letra D, isso porque acumulavam os alunos dos anos anteriores que não conseguiam passar para o 1º ano do médio. O governo justifica a Progressão Continuada como um meio de evitar a repetência e a desistência dos alunos, e realmente isso tem acontecido, mas os alunos estão chegando sem a bagagem necessária para fazer um bom ensino médio, e isso não é só culpa do sistema de aprovação(vale lembrar que a Progressão Continuada tem base nos princípios de Piaget, Emília Ferreiro e Paulo Freire), mas tambem da falta de estrutura da maioria das escolas públicas de São Paulo.
Paulo Freire
Quando eu cursei o 3º ano minha sala tinha mais ou menos 30 alunos sendo a menor da escola, as outras possuiam em média 40 a 45. Para um professor é quase impossível conseguir manter essa quantidade de alunos atentos a matéria, ainda mais quando são jovens de 15,16 e 17 anos acostumados com a velocidade das redes sociais, dos anuncios de TV, das músicas e de todo mundo que os rodeiam em um ritmo frenético, e para “ajudar” os mesmos tem de ficar em média 5 horas dentro de salas de aula que muitas vezes possui iluminação precária e péssima acústica(algumas salas do Zalina nem porta possuíam!), pelo menos havia ventiladores nas salas do Zalina, mas não sei se há em todas as escolas públicas do estado.
Outro problema é a falta de funcionários, são necessários inspetores para controlar o trânsito de alunos dentro das dependencias da escola, senão pode ocorrer situações semelhante a da E.E Professora Neyde Apparecida Sollito, onde os vidros foram quebrados pelos próprios alunos e a indisciplina é algo corriqueiro devido a falta de profissionais -ver link no final do post - . No Zalina, a mesma inspetora que abria o portão também controlava o transito de alunos e ajudava no preparo da merenda, creio que era por isso que no intervalo algumas alunas aproveitavam a ausência dos funcionarios para fumar seu “cigarrinho” matinal dentro do banheiro. Minha turma nunca entrou na sala de informática, porque a política da escola exigia um instrutor para podermos usá-la, ma só havia para o período da tarde então ficamos de mãos abanando, e nem sempre que precisávamos a bibliotéca estava aberta, pois a bibliotecária tinha de ajudar na secretaria da escola. É mais do que óbvio que uma escola sem funcionários para todas as funções não funcionará como deve!
Eu me pergunto quem gostaria de trabalhar neste tipo de ambiente? Se você perguntar a qualquer pessoa que está decidindo com o que vai trabalhar, provavelmente a área da educação, ainda mais no setor público, será uma das últimas opções. Será que vale a pena receber em média R$7,00 por aula para trabalhar sem uma estrutura adequada para lecionar, sem ser respeitado pelos alunos e sem apoio suficiente do governo? Muitos acreditam que não, e é por isso que há falta de professores nas redes públicas de ensino(no Zalina, fiquei o 1º e o 2º ano do ensino médio sem aulas de biologia por falta de professores).
Para muitos, os professores que ainda trabalham não tem interesse nos alunos, só querem ganhar seu dinheiro sem se estressarem dando aulas livres e levando-os para a sala de vídeo. Eu não creio nisso, e me lembro que na greve dos professores de 2010 as reivindicações do corpo docente eram, além da reposição salarial,melhores condições de trabalho para educar com dignidade os alunos, porém ao ligar a TV para ver as notícias o SPTV apenas disse que a greve atrapalhou o trânsito da cidade e sujou as ruas, acho que esqueceram de dizer qual era o motivo da manifestação, aliás a TV tem esquecido de dizer muitas coisas que realmente importam.
Bem, como vocês puderam ver, há diversos fatores que cooperam para o desastre do ensino público: o sistema de aprovação, as condições precárias das salas, a falta de funcionários e a desvalorização dos professores. Do meu ponto de vista, para mudar essa situação o governo deveria investir pesado em educação ao invés de gastar dinheiro público na construção de estádios, além de valorizar mais os professores que para mim é uma profissão “sagrada”. Poderia ser aprovada uma lei onde os políticos deveriam por obrigação matricular seus filhos em escolas da rede pública, queria ver se a situação não iria mudar, mas acredito que seja inconstitucional, eles poderiam pelo menos ter o bom-senso de fazê-lo. E quem sabe com uma estrutura funcional a Progressão Continuada possa funcionar como idealizou Paulo Freire, com o intuito de educar e formar cidadãos.
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Links Complementares:
Artigo sobre a Progressão Continuada: http://168.96.200.17/ar/libros/anped/1306P.PDF
Testemunho de Professor na greve de 2010: http://www.dudutomaselli.com/greve-professores-sao-paulo/

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Serviço Militar e suas lendas urbanas

Nota: O texto abaixo expressa o ponto de vista do autor.

Vi no YouTube recentemente vídeos a respeito de alistamento militar e Exército Brasileiro, então resolvi escrever um pouco sobre o assunto.

Imagem: megaminas.globo.com

Creio que o alistamento militar é a data que a maioria dos adolescentes gostariam de adiar ou evitar. Muitos pensam que seu futuro pode estar em "xeque" se forem convocados para o serviço, que vão perder o ano, a faculdade, que irão ter de acordar cedo, rolar na lama e tomar tapa na cara ao estilo Tropa de Elite, e tudo isso em troca de uma baixa remuneração. No meu pensamento o serviço militar é mais ou menos dessa maneira, e como eu fui dispensado (graças a Deus!)não vivi a experiência para mudar minha visão.
O alistamento é inevitável, e se por acaso você tentar desviar desse dever irá ficar em débito com o governo e não poderá tirar passaporte, prestar concursos públicos nem se inscrever em universidades.

Eu de maneira nenhuma queria ser convocado, pois não concordo com o alistamento obrigatório. E se houvesse uma guerra? Será que valeria a pena dar a vida por estes governantes?Morrer por interesses políticos? E quem é pacifista? Vale relmbrar o que ocorreu na Guerra do Vietnã, onde muitos jovens americanos perderam a vida em batalhas sem sentido como a que ocorreu na colina "Hamburguer" , uma guerra que segundo os norte-americanos, era "em defesa da liberdade e da democracia". Se o Brasil entrasse em uma guerra sem sentido(se é que existe alguma guerra que faz sentido) e eu fosse convocado, preferiria quebrar os dedos ou ser preso ao invés de ir!

Mas, como o Brasil vive tempos de paz eu fui me alistar, e claro com a cabeça cheia daquelas histórias que os mais velhos te contam, histórias de pessoas que foram convocadas só porque usavam cabelo comprido, boné ou brinco. Lembro ainda de uma mais radical que eu ouvi enquanto esperava na fila, o "irmão do amigo do cara" que contou tomou um tapa no rosto por ter errado a letra do Hino Nacional Brasileiro(e é certo que eu decorei o Hino após essa história). Porém onde eu fui me alistar não tinha estrutura para cantarmos o Hino então só fizemos o juramento a bandeira.

O único momento real de pânico foi quando o funcionário da prefeitura foi chamando aleatoriamente o nome dos jovens que seriam convocados, e para o meu desespero ele chamou um Thiago, só que após ouvir o sobrenome eu fiquei aliviado, diferente do pobre Thiago que foi convocado, depois só tive de voltar algumas vezes e retirar a minha preciosa reservista(Uffa!) e ficar livre do compromisso com o serviço militar(por enquanto, pois até os 40 ou 45 anos, se não me engano, posso ser chamado).

Então meu caros, se há alguem que vai se alistar neste ano, só posso dizer uma coisa: Esperem pelo pior!

Não adianta roupa, cabelo, beleza nem altura, eles chamam de maneira aleatória(pelo menos foi no meu caso), então vão preparados.

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Links

Vídeo sobre Exército Do Daniel Fraga:

:

Vídeo Sobre alistamento do MM:


Links Gerais :



Olá, meu nome é Thiago e como vocês podem reparar este é meu primeiro post. Neste Blog vou buscar falar sobre os mais diversos assuntos, haverá desde indicações de filmes e músicas até opiniões pessoais sobre alguns assuntos!
Espero que gostem e acompanhem as postagens.

PS: Não reparem no visual amador, pois é meu primeiro Blog, com o tempo vai ficar "jeitosinho".